Para que serve um parque de estacionamento? Esta é fácil: para expor arte. E para estacionar carros, motas, motocicletas, bicicletas, albergar máquinas de pagamento manuais e automáticas, empregar dois ou três seguranças e gastar dinheiro. Mas falemos da aplicação mais cultural, a decorrer durante aproximadamente um mês no parque da Praça da Figueira. A
ZAAT, mostra de Artes Visuais e Sonoras, apresenta-nos um parque galeria com exposições de Fotografia, Instalações, Vídeo e Stereo Pictures, de artistas como Vincent Boisselier, Jordi Burch, Patrícia Almeida, Olivier Perriquet, entre outros.
O parque de estacionamento resume-se a um espaço quotidiano e fechado que releva de uma pratica esquecida porque automatizada. E caracterizado pelo seu funcionamento à vocação única e pela circulação não interrompida que provoca,
in fine ausência de humanidade.
Pensar os lugares no âmbito da contemporaneidade abre caminhos a novas reflexões. O lugar podia definir-se em função do modo de espacialização, de estar no espaço.
Os “não lugares” são colectivos e comuns sem possibilidade de apropriação e de investimento do espaço: sítios de passagem, de frequentação no anonimato, pontos de transição prolongados e de ocupação provisória.
A “impossível viagem” que sugere ZAAT nesse contexto urbano é de experiências singulares no confronto entre trânsito e contemplação. Pode considerar a proposta aqui apresentada com um apelo a alteridade de uso tanto na pratica social individual do espaço urbano como nos habituais ambientes e referentes atribuídos à divulgação artística.
A atopia situa-se no lado de, em margem da topologia comum. (
Não-Lugares, Marc Augé)
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